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A IMUNIZAÇÃO DO INSTRUMENTADOR CIRÚRGICO

A importância de estar saudável para prestar uma assistência cirúrgica de qualidade.

É notório que os profissionais de saúde são expostos no exercício de suas atividades diárias à inúmeras doenças infectocontagiosas, sendo necessário, portanto, um esquema vacinal ampliado em relação à população em geral. O Instrumentador cirúrgico, foco de nossa discussão, deve reconhecer e manter seu status vacinal atualizado, para minimizar a exposição a micro-organismos patógenos ao longo do desenvolvimento de suas atividades laborais.

É importante ressaltar que durante o exercício de sua função, o Instrumentador entra em contato com secreções e situações que podem carrear micro-organismos infecto contagiosos, prejudiciais à sua saúde.

Dentro desse contexto, percebe-se uma despreocupação do profissional quanto a importância da vacinação, como aliado de segurança no desenvolvimento de suas atividades. A vacinação do trabalhador é uma das mais importantes barreiras impeditivas da transmissão de doenças.

A Norma Regulamentadora 32 (NR 32), do Ministério do Trabalho e Emprego, determina a obrigatoriedade de o empregador disponibilizar todas as vacinas registradas no país que possam, segundo critérios de exposição à riscos, estar indicadas para o trabalhador e estabelecidas no Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), seja por encaminhamento ou orientação. Porém, percebe-se atualmente que uma grande parcela da categoria, não possui vínculo direto com Instituições.Muitos trabalham de forma autônoma, prestando serviços para equipes cirúrgicas sem vínculos com unidades Hospitalares. Somos no geral, uma classe que não passa por exames periódicos complementares, diferente dos demais profissionais que possuem vínculo Institucional. A ausência de cobrança, quanto a esse assunto, muitas vezes, faz-nos não valorizar a importância da imunização para a nossa categoria. Por esse motivo, é importante que haja uma consciência por parte do profissional, que o status vacinal esteja atualizado, pois é uma estratégia de segurança em favor de sua qualidade de vida e trabalho. A vacinação para os profissionais de saúde fundamenta-se a não apenas protegê-los de diversas doenças infecciosas, mas também oferecer segurança aos pacientes contactantes com esses profissionais.

Muitos profissionais, não tem o conhecimento de quais vacinas precisam ter para preservar sua saúde. Para eles, o Ministério da Saúde recomenda, por meio dos Centros de Referência em Imunobiológicos Especiais (Cries)e Unidades Básicas de Saúde, diversas vacinas, sendo as principais a serem monitoradas: dT, Hepatite B, influenza (gripe), Tríplice Viral.Considerando um calendário específico para o público em estudo, existem outras vacinas direcionadas para a proteção deste trabalhador.

O contato diário com secreções, possíveis acidentes biológicos com perfurantes e a simples permanência no ambiente hospitalar, expõem o instrumentador a possíveis doenças e infecções recorrentes no dia a dia, não eximindo também a responsabilidade no que diz respeito à transmissão concomitante para pacientes contactantes ao longo de sua permanência no Hospital.

O foco da discussão é: O cuidado deve chegar primeiro à quem o oferece, ou seja, ao instrumentador. Mesmo sabendo que suas ações de trabalho são indiretas no que tange à assistência, seu papel é primordial para o resultado final. Sem ele, o objetivo primordial chamado paciente, perderia em qualidade a caminho da cura ou melhora de sua qualidade de vida através dos procedimentos cirúrgicos aos quais são submetidos.

Segundo a Sociedade Brasileira de Imunização, são vacinas recomendadas a TODOS os profissionais que trabalham em instituições geradoras de saúde.

HEPATITE B dT INFLUENZA TRÍPLICE VIRAL

Os principais Riscos biológicos são representados por bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários e vírus. O sangue é o principal agente biológico, na transmissão de doenças como AIDS (HIV), Hepatite B (HVB) e Hepatite C (HCV). Em estudos realizados o risco de aquisição de HIV, após exposição percutânea a sangue contaminado, é de aproximadamente 0,3%, e após exposição de mucosa em torno de 0,9%.

A vacina dupla adulto (dT), protege contra tétano e difteria, é recomendada aos profissionais da área da saúde e oferece imunidade por cinco anos contra tétano acidental grave e 10 anos para acidentes leves. É a medida mais eficaz e adequada de prevenção e controle. É aplicada no esquema de 3 doses para primo vacinados (pacientes que terão contato com a vacina pela primeira vez), tendo seu reforço oferecido a cada 10 anos. Caso o instrumentador já tenha alguma dose da vacina, a orientação é levar sua caderneta com o registro dessa dose, dando assim continuidade no esquema vacinal, independente do período de atraso.Tétano acidental é uma doença infecciosa não contagiosa, causada pela ação de uma toxina responsável pelo quadro clínico de contraturas musculares, característico da doença. A transmissão ocorre, geralmente, pela contaminação de um ferimento da pele ou mucosa, com os esporos do bacilo.

A vacina Hepatite B é recomendada em 3 doses, 0, 1 e 6 meses. Após a verificação da sorologia pós vacinação, o esquema de 3 doses protege por toda a vida, não sendo necessário doses de reforço. A vacinação deve ser realizada nos profissionais não vacinados e com vacinação incompleta.

A transmissão do VHB após exposição a sangue ou líquidos corporais em hospitais representa um risco importante para o profissional de saúde, variando de 6% a 30%, na dependência da natureza dessas exposições. Estes profissionais podem ser vacinados contra a Hepatite B sem fazer teste sorológico prévio. Recomenda-se a sorologia um a dois meses após a última dose do esquema vacinal, para verificar se houve resposta satisfatória à vacina (Anti-HBs> 10UI/mL) para todos esses profissionais.

Para o imunobiológico Infuenza que protege contra subtipos de gripe,é recomendado 1 dose anualno período de Campanha, realizado a nível Nacional. Geralmente no primeiro semestre de cada ano.Todos os anos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) define qual deve ser a composição da vacina. Eles fazem essa recomendação com base nas cepas de influenza que circularam nos anos anteriores.Os profissionais de saúde apresentam risco de adquirir gripe no local de trabalho, de transmitir à pacientes eoutros profissionais. Principalmente para profissionais que entram em contato com portadores de doenças respiratórias graves. As baixas taxas de vacinação contra influenza entre os profissionais de saúde podem estar colocando em risco a vida dos pacientes idosos mais frágeis, de acordo com pesquisa publicada.

No caso do instrumentador, independente de sua clínica de atuação e do objetivo da cirurgia a que oferece sua assistência, a vacina é extremamente importante. Em sua atuação entra em contato com diversos pacientes, possíveisportadores de patologias infecciosas e/ou suscetíveis a adquiri-las.

Segundo dados do Sistema de Informações do Programa Nacional de Vacinação (SIPNI), houve uma diferença notável na adesão dessa vacina por profissionais de saúde, na última Campanha Anual em 2017 na Região Sudeste.

ESTADO APLICADAS DOSES
Minas Gerais 424.474
Espirito Santo 96.106
Rio de Janeiro 416.777
São Paulo 1.324.675

O Estado com maior Adesão foi São Paulo e o de menor adesão foi Espírito Santo.

Já no caso da Vacina Tríplice Viral (sarampo, Caxumba e rubéola), em estudo cujo objetivo foi verificar a soro prevalência (Frequência de indivíduos numa população que apresentam um anticorpo contra o agente patogênico) para sarampo, caxumba, rubéola e varicela em profissionais da área da saúde identificou titulação negativa para sarampo em 7,4%, rubéola em 12,5%, varicela em 4,1%, e caxumba em 15,9% dos profissionais sujeitos do estudo, mostrando que estes, embora estejam expostos a estas doenças apresentam baixa adesão à imunização. Dado preocupante por tratar-se de um momento da saúde mundial no qual a prevenção é amplamente discutida, defendida e incentivada. É recomendada a aplicação de 2 doses para pacientes até 29 anos, acima desta idade apenas 1 dose.

Vale lembrar quecalendário direcionado para adultos e outros profissionais de saúde, contemplam outros imunobiológicos. Ressalta-se a importância da verificação do estágio vacinal como um todo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Não há dúvidas sobre os riscos aos quais estão expostos os Instrumentadores cirúrgicos e não faltam evidências dos benefícios proporcionados pela conscientização da classe.

Partindo desse princípio, sugere-se o comparecimento à uma Unidade de Básica de Saúde para a atualização da caderneta vacinal, ou em alguns casos para a confecção da mesma. O procedimento é simples e rápido, necessitando apenas de um documento de identificação para a emissão de um novo documento caso você não o possua. Caso possua caderneta, mesmo que aquela antiga de infância, chegou a hora de desarquivá-la. Leve juntamente a seu documento de identificação e solicite a verificação e emissão de uma cadernetade adulto atualizada.

Nós enquanto instrumentadores cirúrgicos, temos a missão de iniciar uma mudança cultural no que se refere ao conhecimento científico. Adquirir conhecimento teórico e colocá-lo em prática, enriquece a assistência e protege individualmente a cada profissional.Cuidando da saúde dos profissionais cuidamos também da saúde do País.


Enfermeira Andressa Araujo

Contato: andressabrumrj@hotmail.com

Andressa Araujo Graduada em Enfermagem pela Universidade do Grande Rio , Especialista em Centro Cirúrgico, Central de Materiais e Recuperação Anestésica . Instrumentadora Cirúrgica em Ortopedia, Cirurgia Plástica, Cirurgia Geral e Infantil.


REFERÊNCIAS

• Brasil. Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria nº485/GM. Aprova a Norma Regulamentadora nº 32 - Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Saúde. DOU, Brasília. 2005;131(94):6.

• Sociedade Brasileira de Imunização. SBIM. Disponível em: http://www.sbim.org.br/sbim_calendarios2008_ocupacional.pdf

• Brasil. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Manual de procedimentos para vacinação. Brasília: MS; 2001.

• Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 597/GM de 8 de abril de 2004. Institui em todo o território nacional os calendários de vacinação. DOU. Brasília: MS; 2004.

• Brasil. Ministério da Saúde. Calendário de vacinação do adulto e idoso. Brasília: Ministério da Saúde; 2004. [Citado 2009 maio 25]. Disponível: http://www..saude.gov.br/svs

• Anamt – Associação Nacional de Medicina do Trabalho / SBim – Sociedade Brasileira de Imunização: Atualização em vacinação Ocupacional